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RECOLHA DE LIXO GARANTE A VIDA DE MUITAS FAMÍLIAS EM MAPUTO

Quando se fala de lixo, a primeira impressão que as pessoas têm, geralmente, é de algo que não presta, sem valor algum ou ainda repugnante. No entanto, ao separar os resíduos sólidos de forma adequada, o que aparentemente não tem proveito, pode ser reaproveitado e reutilizado, conferindo outra dimensão ao “lixo” que produzimos no nosso dia-à-dia, seja no âmbito económico ou mesmo social. Em Moçambique, mais precisamente na cidade de Maputo, muitas famílias ganham o seu sustento através da recolha e posterior venda de resíduos sólidos, fornecendo matéria-prima para as grandes indústrias, ou reciclando-os sob forma de arte, numa criativa promoção do desenvolvimento sustentável. Nos locais onde essas famílias recolhem os resíduos sólidos, verifica-se, para além da poluição ambiental, um evidente atentado à saúde pública, sobretudo das crianças que, sem nenhum tipo de protecção, mergulham no lixo em busca de algum material reciclável. Essas pessoas trabalham em condições precárias, sujeitas à todo tipo de contaminação e doenças, não obstante, muitas vezes retiram do lixo o seu alimento. Os recolectores de lixo vivem à margem dos direitos sociais e trabalhistas, excluídos da maior parte da riqueza que o mercado de reciclagem movimenta e produz. Crianças e adolescentes em idade escolar vêem-se na obrigação de trabalhar para garantir a sua sobrevivência. Além disso, a qualidade do material colectado nessas condições questionável, o que é avaliado em preços muitos baixos para as entidades compradoras. Nas ruas das grandes cidades ou nas zonas periféricas, os recolectores recolhem principalmente garrafas de cerveja não devolvíveis, garrafas de água e latas de alumínio. O número exigido varia de local para local, todavia, para conseguirem um dinheiroconsiderável, são necessários muitos quilogramas de resíduos sólidos. A equipa do MMO saiu às ruas para, em contacto presencial, perceber o dia-à-dia dos recolectores de lixo, onde descobriu retalhos da história da família Tivane. Aurélio Tivane, proveniente da província de Gaza, vive com sua família, composta por sete membros: ele, a esposa e cinco filhos. Juntamente com a esposa e mais dois filhos dedica-se à recolha e venda de garrafas pet. Tivane considera que conta que a frustração trazida pelo desemprego, levou-o a optar por este negócio e a partir dele, com muito sacrifício, consegue suprir as necessidades básicas da sua família. “O nosso dia começa bem cedo e termina tarde. Há dias em que a nossa única refeição é o jantar, que muitas vezes é fraco. é triste ver os meus filhos a passarem por essa situação, mas tenho fé que um dia as coisas vão mudar”, relatou Tivane. Por sua vez, Helena Cossa, outra recolectora, revelou que por vezes acaba pernoitando nas barracas a tentar aglomerar garrafas não devolvíveis de bebidas alcoólicas, enfrentado os olhares acusadores das pessoas. Mãe de 7 filhos, Helena foi abandonada pelo marido, sem nenhum meio de sustento e sem nenhum apoio por parte deste na criação dos seus filhos, encontrando nesse negócio uma fonte de sobrevivência que nem chega para matricular as crianças na escola. os nossos interlocutores fizeram-nos saber que algumas famílias fixaram residência na lixeira do Hulene e, considerando-a já como o seu lar, perpetuam bárbaros actos de violência contra as pessoas que se fazem àquele local para exercer a mesma actividade.

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