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Meninos sírios mortos na praia fugiam para o Canadá

Oriundos de Kobane, a cidade na fronteira da Síria com a Turquia dizimada nos combates com o Estado Islâmico, a família Kurdi fugiu para Turquia e pagou quatro mil euros para conseguir lugar num pequeno bote sobrelotado. O objetivo final seria chegar ao Canadá, onde vários familiares os esperavam, apesar de lhes ter sido recusado o visto em junho, mas o sonho acabou no mar quando o bote em que seguiam virou. Das 19 pessoas que naufragaram em duas embarcações que seguiam perto da costa turca em direção à Grécia - a seis quilómetros de distância - só duas sobreviveram. Entre os mortos, estavam Aylan Kurdi, de três anos, Galip Kurdi, de cinco, e a mãe dos dois rapazes, Rehan. Quis o destino que a tragédia desta família fosse imortalizada em imagens e simbolizasse o drama de milhares de pessoas que fogem à guerra na Síria, mas também às condições sub-humanas de vários países africanos. Abdullah explicou a uma televisão árabe, citada pelo jornal britânico "Daily Mail", que tentou agarrar os filhos e a mulher, para evitar que se afogassem quando o barco virou, mas que não teve a força suficiente para os segurar. Como não tinham qualquer tipo de proteção para o frio, nem para se manterem à tona, acabaram por morrer e dar à costa. Família à espera no Canadá A notícia da morte desta família foi recebida com tristeza em Vancouver, no Canadá. É lá que mora há 20 anos Teemi Kurdi, irmã de Abdullah, e era em Vancouver que os Kurdi depositavam a esperança de uma vida melhor. Na chamada telefónica que Abdullah fez para a família, disse apenas que a mulher e os dois rapazes estavam mortos e mostrou desejo de conseguir voltar a Kobane, na Sìria, para os sepultar. Também quer ser lá sepultado com a família, contou. Aos jornalistas, a tia das crianças que morreram contou que tentou patrocinar a ida da família para o Canadá, mas que a candidatura tinha sido recusada. Nem com as garantias bancárias que reuniu com a ajuda dos vizinhos e com o apoio de um legislador canadiano, o país abriu as portas aos Kurdi, em parte porque a Turquia, país para onde tinham fugido, não lhes fornecia vistos de saída. O Governo turco não concede vistos a refugiados que não estejam registados e que não tenham passaporte válido.

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