Header Ads

Breaking News
recent

Carência de fundos deixa Reserva destruído

Com o fim do projecto de protecção dos recursos naturais a 31 de Dezembro próximo, a Reserva Nacional do Gilé (RNG), na província da Zambézia, fica desprotegida e vulnerável aos madeireiros ilegais, caçadores furtivos e garimpeiros.
Co-financiado pelo Governo moçambicano e parceiros, o projecto arrancou em Janeiro de 2014 e por um período de três anos e visa travar a devastação da flora e da fauna. No âmbito da iniciativa, foi possível reforçar a equipa de fiscalização para reduzir as incursões ilícitas.
Ao todo, foram investidos ao longo deste tempo mais de quatro milhões de euros, disponibilizados por vários parceiros, sendo que o maior bolo (dois milhões milhões de euros) é financiados pelo Fundo Francês de Ambiente Mundial. Os outros parceiros que injectaram os seus fundos são a Fundação IGF, União Europeia, Adra, entre outros.
A WWF, que luta pela preservação da natureza, organizou há dias uma deslocação de parlamentares à Reserva do Gilé para junto da respectiva administração perceber os contornos de acções ilegais que ocorrem na reserva e estudar mecanismos do seu combate.
Iean-Baptiste Deffontaines, da Fundação IGF (uma organização francesa) e assistente técnica da RNG, considera insuficiente o efectivo que garante a fiscalização, situação que se agravará em Dezembro quando terminar o projecto, porque apesar de estar assegurado o financiamento das actividades de 2017, não há garantia de fundos para o pagamento dos salários dos fiscais.
O que acontece é que somente oito fiscais e o administrador da reserva têm vínculo contratual e recebem salários do Estado, enquanto a maioria do pessoal da fiscalização e outros funcionários são pagos pela Fundação IGF. Até ao momento nenhum parceiro aceita desembolsar fundos para remunerações.
Entendem os parceiros que o Governo moçambicano é que tem que garantir a protecção da reserva e que os fiscais são funcionários públicos que devem ser pagos pelos fundos do Estado.
Deffontaines, cuja fundação trabalha na RNG desde 2007, considera que algumas decisões tomadas a nível nacional pelo sector de madeiras tiveram impacto que está a contribuir para a diminuição do corte.
Deu a conhecer que a vontade da sua organização é continuar a apoiar o Governo moçambicano e à administração da RNG por um tempo indeterminado, mas os fundos directos da Cooperação Francesa, que garantem o pagamento dos salários à maioria dos funcionários, deixam de estar disponíveis a partir de Dezembro.
“O único desafio que temos prende-se com os salários da maioria dos funcionários que era financiada, através do Fundo Francês de Ambiente Mundial. São no total 19 fiscais que recebem salários através  deste fundo, subsídios para o staff sénior, chefe da fiscalização, oficial de logísticos e de infra-estruturas, pessoal sem o qual a reserva não pode sobreviver”, afirmou Deffontaines, assegurando entretanto estar assegurado o financiamento de outras actividades para os próximos dois anos.
Indicou que neste momento a reserva conta com o apoio da Mozbio e a Autoridade Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), que estão a pagar algumas despesas correntes da Reserva, o que na sua opinião é um bom sinal.
“A Reserva do Gilé é único lugar no mundo que tem uma floresta primária de miombo intacta e muito típica, por isso temos esta força de defende-la. Tem uma diversidade de mais de 200 variedades de aves e mais de 50 espécies de mamíferos, de pequeno e  grande porte. Neste momento contamos, por exemplo, com uma população considerável de palapala, cabrito do mato, cudo, chango e piva. Contudo, estamos a fazer o repovoamento, tendo neste contexto introduzido 67 búfalos, 20 bois cavalos e 15 zebras, esperando aumentar este número de animais nos próximos anos para atingir uma população estável”, explicou.
Elucidou que a RNG tem uma população residual de perto de 80 elefantes, o que é muito importante pois, conforme explicou, é um animal simbólico de desenvolvimento do turismo, apesar de ser problemático por causa da invasão das machambas das comunidades à volta.
O facto de não haver ainda um método desenvolvido de caça furtiva do elefante dentro da reserva é encorajador.
“É um desafio para nós porque a caça do elefante ameaça esta espécie que tem uma população muito pequena e corremos o risco de perde-los, caso não consigamos garantir a sua protecção. O resultado é animador, na medida em que todos os animais repovoados mostram sinais de procriação, mas devem ser feitos mais estudos para aferir a dinâmica de reprodução e crescimento”, sustentou.

Sem comentários:

Com tecnologia do Blogger.