Reassentados retornam às zonas de risco
Cidadãos que no ano passado haviam sido retirados das zonas de risco para as áreas consideradas seguras na cidade de Nampula estão a vender os talhões atribuídos pelas autoridades municipais para retornar, e voltaram a fixar residências em espaços propensos a inundações e outras calamidades. Trata-se de famílias que tinham sido reassentadas nas zonas de expansão habitacional abertas pelo Conselho Municipal, em coordenação com o Governo do Distrito de Nampula, no âmbito da prestação de ajuda às famílias assoladas pelas intensas chuvas registadas na urbe. A decisão da retirada dos moradores das encostas de alguns dos bairros mais afectados pela degradação ambiental, com destaque para a erosão, foi tomada depois de as enxurradas que fustigaram a cidade naquele ano terem agravado aqueles problemas, que também contribuíram para a destruição de muitas casas de construção precária e consequente desabrigo de centenas de famílias. O presidente do Conselho Municipal da Cidade de Nampula, Mahumudo Amurane, que denunciou recentemente a jornalistas a venda de talhões por parte dos beneficiários do reassentamento, disse que dada a gravidade da situação o Município vai processar judicialmente os envolvidos no negócio de terrenos e material de construção. “Essas pessoas já não podem contar com a nossa ajuda porque são oportunistas. Já orientei a minha equipa de trabalho para identificar as pessoas envolvidas, porque, por exemplo, as licenças de ocupação do solo que lhes atribuímos são intransmissíveis, mas eles venderam os terrenos e materiais de construção e voltaram para zonas impróprias para a construção de habitações”, realçou Amurane. De referir que depois de o governador de Nampula, Victor Borges, ter visitado o bairro de Muahivire-Expansão, um dos que foi mais atingido pelas enxurradas do ano passado na capital provincial, orientou a edilidade local e o Governo do Distrito de Nampula a acelerarem o processo de reassentamento das famílias que viviam em zonas de risco. Na cidade de Nampula a falta de transferência de famílias que construíram as suas casas em zonas impróprias constitui um dos factores que contribui para o agravamento da degradação das condições ambientais, principalmente na época chuvosa, como está a acontecer agora.
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