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CONTAM HISTÓRIAS REPUGNANTES DE GUERRA: MAIS homens da Renamo entregam-se

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sete guerrilheiros da Renamo, entre oficiais e soldados, provenientes de Sofala e Zambézia, entregaram-se há dias às autoridades governamentais, de forma voluntária, para a sua integração nas FADM e reinserção social no âmbito do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares assinado em 2014. Trata-se de Baptista Augusto Arãolique, com a patente de major, João Jegueira Impura, alferes, Cardoso Manuel Armazeia, capitão, Julieta Alberto Jeremias, soldado, Eusébio Fato Muriorio, capitão, Dias Manuel Mapile, major, e Mário Jone Rapoio, capitão. Estes guerrilheiros foram ontem apresentados em Maputo à imprensa. À excepção do major Baptista Augusto Arãolique, que quer ser integrado nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique, os restantes seis manifestaram o desejo de beneficiarem do Fundo da Paz e Reconciliação Nacional para desenvolverem projectos de geração de renda para a sua sobrevivência. Aliás, disseram que não mais querem ouvir falar da guerra, depois de terem servido, durante anos, a Renamo, alguns dos quais raptados em idade infantil, a exemplo de Julieta Alberto Jeremias. O major Baptista Augusto Arãolique é o mais experiente de todos os elementos do grupo, em termos de participação em frentes de combate. Entrou para a Renamo em 1983 e disse terem passado das suas mãos mais de mil homens. Os homens armados ontem apresentados foram desmobilizados no âmbito da ONUMOZ. Constituíram famílias e dedicavam-se à agricultura e outras actividades para a sua sobrevivência. Em 2012, segundo contou o major Augusto Arãolique, foram chamados por Afonso Dhlakama para Santunjira para receberem “acumulado” (pensão), em razão de terem participado na guerra, mas de lá até cá nada se concretizou. “Não temos nada, as nossas famílias não têm nada”, disse. Baptista Arãolique participou em combates em Santunjira, em Savane e em Morrumbala. Segundo afirmou, muitos homens da Renamo nas bases, sobretudo em Murotone (Ile), de onde conseguiu fugir depois de ter sido preso por suspeita de ter uma ligação para escapar, querem se apresentar às autoridades governamentais mas não conhecem os mecanismos de como fazê-lo e temem pelas suas vidas, pois sofrem sempre ameaças de morte. Assalto ao paiol de Savane Muitas histórias repugnantes de guerra, sobretudo de sofrimento, foram contadas pelos guerrilheiros da Renamo, uma das quais o assalto ao paiol de Savane em 2013. O major Dias Manuel Mapile disse que o assalto foi ordenado e telecomandando por Afonso Dhlakama a partir de Santunjira. Os homens que deviam tomar de assalto o paiol foram previamente reciclados. Foram colocados numa viatura e deixados à entrada de Muanza (Sofala). Afonso Dhlakama sempre estabelecia ligação telefónica com o grupo de assalto, composto por mais de 100 homens, mas somente com 24 armas. Depois de consumado o assalto o grupo foi chamado pelo líder da Renamo para regressar a Santunjira, pois a situação estava “quente”. O objectivo era reforçar a segurança de Afonso Dhlakama, dado o cerco das Forças de Defesa e Segurança (FDS), cujo golpe final foi a tomada de Santunjira, obrigando o líder da Renamo a refugiar-se à montanha (que só ele conhece). Depois de Santunjira Dias Mapile regressou a Savane, onde continuou a levar a sua vida normal junto da família mas sempre com ligações ao quartel instalado na zona. Disse temer pela vida da sua família, pois vive mesmo perto da base da Renamo naquele ponto de Sofala. Contou que em Santunjira travaram-se duros combates. A única mulher do grupo, Julieta Jeremias, também relatou façanhas de guerra tristes. Ela foi raptada aos seis anos de idade, os seus pais foram mortos, superou doenças e este ano tomou conhecimento por meio dum delegado político da Renamo, de nome António Maquivale, na Zambézia, de que todos os desmobilizados iriam beneficiar de “acumulados”, o que não passou de promessa infeliz. Disse que na base onde se encontrava as mulheres não tinham permissão para sair, mesmo para visitar os seus familiares. A alimentação é invariavelmente constituída de feijão e farinha de milho, remetendo os guerrilheiros à vida de “desenrasca”.

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