PR diz que libertação está incompleta sem acesso do povo a bens essenciais
"Enquanto o povo continuar sem água e energia, sem escolas suficientes, sem hospitais, sem saúde, ainda não teremos cumprido a missão pela qual os nossos heróis tombaram e não só os que tombaram, mas também os heróis vivos", afirmou Filipe Nyusi, no feriado do Dia dos Heróis e aniversário do assassínio do fundador da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) Eduardo Mondlane.
Mondlane foi assassinado por uma carta-bomba há 47 anos em Dar es Salam, capital da Tanzânia, em plena luta de libertação da Frelimo contra o colonialismo português.
Falando hoje na Praça dos Heróis, em Maputo, Filipe Nyusi declarou que as figuras históricas ali representadas "não significam só o passado, mas o presente, e terão de significar o futuro que todos estão a edificar".
Além da cerimónia central na Praça dos Heróis, Nyusi visitou hoje a viúva do fundador da Frelimo, Janet Mondlane, que, em 2015, ano do 40.º aniversário da independência de Moçambique, recebeu a ordem honorífica com o nome do seu marido.
O Dia dos Heróis é celebrado num momento de crise política em Moçambique, em que o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, ameaça tomar o poder em seis províncias do norte e centro do país, onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.
Nas últimas semanas, a Frelimo, partido no poder, e a oposição da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), maior partido de oposição, têm vindo a acusar-se mutuamente de ataques armados e raptos e assassínios dos seus dirigentes.
A Rádio Moçambique avançou hoje que supostos homens armados da Renamo atacaram membros da Frelimo no distrito de Maringué, província de Sofala, onde o partido de oposição mantém uma base militar, e um deles ficou em estado grave.
"Esta noite, às 00:28, homens armados da Renamo em Maringué queimaram as casas de cidadãos que são membros da Frelimo, balearam pessoas inocentes", disse o primeiro secretário da Frelimo na província de Sofala, centro do país.
"A Renamo deve deixar de fazer estas atrocidades, não é o momento para andarmos a praticar atos contrários à paz, ao progresso e à convivência social", defendeu o dirigente partidário, acrescentando que a força de oposição deve deixar de ser "um partido armado".
Contactado pela Lusa, o porta-voz da Renamo, António Muchanga, disse desconhecer quaisquer ataques do seu partido nas últimas horas.
A polícia moçambicana afirma estar em posse de provas implicando a Renamo em alegados ataques a posições das forças de defesa e segurança na passada semana, apesar de não ter realizado nenhuma detenção e de o partido de oposição negar o seu envolvimento.
O líder da Renamo não é visto em público desde 09 de outubro, quando a sua residência na Beira, centro do país, foi invadida pela polícia, que desarmou e deteve, por algumas horas, a sua guarda.
No dia 20 de janeiro, o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, foi baleado por desconhecidos no bairro da Ponta Gea, na Beira, e o seu guarda-costas morreu no local.
A Renamo pediu recentemente a mediação do Presidente sul-africano, Jacob Zuma, e da Igreja Católica para o diálogo com o Governo e que se encontra bloqueado há vários meses.
O Presidente moçambicano tem reiterado a sua disponibilidade para se avistar com o líder da Renamo, mas Afonso Dhlakama considera que não há mais nada a conversar depois de a Frelimo ter chumbado a revisão pontual da Constituição para acomodar as novas regiões administrativas reivindicadas pela oposição e que só negociará depois de tomar o poder no centro e norte do país.
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