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Camionistas falam de estrada no centro como o “corredor da morte”

Camionistas e passageiros de viaturas de transporte consideram um "alto risco" enfrentar o troço Save-Muxúnguè da principal estrada de Moçambique e sujeito a escoltas militares obrigatórias, após uma sequência de emboscadas, e descrito como um "corredor de morte".
"Isso é entrar para um corredor de morte. Você entra no troço já condenado à morte e, quando sai vivo, parece que foi amnistiado", diz à Lusa Sérgio Cristóvão, camionista, enquanto espera a coluna montada ao longo de cem quilómetros na província de Sofala, relembrando memórias que julgava afastadas do período da guerra civil, encerrada há mais de duas décadas.
Naquela altura, conta Sérgio Cristóvão, as escoltas eram de Save a Inchope, já na província de Manica, mas "o risco que era igual ao de hoje", sustentando que actualmente as armas das duas partes são mais "sofisticadas e mortíferas", referindo-se às Forças de Defesa e Segurança e ao braço armado da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), que voltaram a confrontar-se após o maior partido de oposição não ter reconhecido o resultado das eleições gerais de 2014 e exigir governar nas seis províncias onde reivindica vitória.
Enquanto se forma uma longa fila de viaturas em Muxúnguè, um posto administrativo de Sofala, no centro de Moçambique, o medo e a incerteza toma conta de vários passageiros, uns que se estreiam na travessia, sujeita a escoltas desde Fevereiro após uma série de emboscadas atribuídas pela polícia à Renamo, e outros, pelas circunstâncias, são forçados a "repetir o susto".
"Estou com medo. Muito medo, mas tive que comprar o bilhete e viajar de autocarro de Chimoio para Maputo para atender a problemas familiares", confessa à Lusa Fina Joaquim, que dispensa qualquer comida enquanto não atravessar o troço, apelando às partes beligerantes para não atacarem inocentes.
Telvina Suzana, que conduz de regresso a Gaza (sul do país), com seis filhos na viatura, adianta que não tem outra opção "além de repetir o susto", depois de uma coluna anterior em que estava integrada ter sido metralhada por homens armados, segundo a polícia, da oposição da Renamo, que nunca desmentiu a autoria destes ataques.
A tensão repete uma crise similar no mesmo troço Save-Muxúnguè, com ataques entre 2013 e Setembro de 2014 da Renamo a escoltas das Forças de Defesa e Segurança, que, na ocasião, foram igualmente montadas no período pré-eleitoral em Moçambique.
Há quase um mês, as escoltas militares obrigatórias a viaturas civis foram reactivadas naquele troço da Nacional 1 (N1), a principal estrada moçambicana, na província de Sofala, e um segundo troço na mesma região (Nhamapadza-Caia) foi sujeito às mesmas medidas, uma situação que tem reflectido pela negativa a procura dos serviços de transporte de passageiros.

"Agora há viaturas que saem com 20 passageiros dos 60 lugares e o valor dos bilhetes só serve para abastecer o carro para o percurso. Geralmente, saíam dois carros por dia para Maputo e agora sai um e milagrosamente pode sair lotado", comenta à Lusa um fiscal na terminal de autocarros em Chimoio.

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