UE confirma pedido de mediação da Renamo para crise em Moçambique
A União Europeia (UE) confirma a existência de um pedido de mediação da oposição da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) para a crise política e militar em Moçambique, disse à Lusa fonte diplomática comunitária.
O pedido, noticiado na segunda-feira pelo diário electrónico Mediafax, foi dirigido pela Renamo durante a visita a Maputo, na passada semana, da alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e vice-presidente da Comissão Europeia, Federica Mogherini, indicou a mesma fonte, sem mais detalhes.
Durante a sua visita, Federica Mogherini alertou que a instabilidade política em Moçambique ameaça os sucessos alcançados nas últimas décadas e considerou decisiva a recuperação de uma dinâmica de reconciliação.
"Vemos os actuais desenvolvimentos no campo político e da segurança como um risco que ameaça o que foi alcançado nas últimas décadas", afirmou em declarações aos jornalistas a chefe da diplomacia europeia, após uma reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação moçambicano, Oldemiro Baloi.
Federica Mogherini referiu que o mundo e a Europa em particular vêem Moçambique como "uma história de sucesso de reconciliação nacional e compromisso no processo de paz e de diálogo", salientando a situação especialmente difícil das populações, já ameaçadas por desastres naturais.
Além da UE, a Renamo já tinha convidado o Presidente da África do Sul, Jacob Zuma, e a Igreja Católica para mediar a Actual crise em Moçambique, que conheceu um agravamento nas últimas semanas.
Depois de negar a existência de um convite, a diplomacia sul-africana acabou por confirmar a existência de contactos com a Renamo, mas que serão inconsequentes se não houver um pedido igual do Governo moçambicano.
Também a Igreja Católica moçambicana revelou ter enviado cartas às duas partes, oferecendo-se para ajudar na resolução da crise, e que a Renamo respondeu pedindo mediação.
"Por parte do Governo ainda não houve nenhuma manifestação sobre a questão da mediação", referiu o arcebispo da Beira, Claudio Zuanna, acrescentando porém que o Presidente da República recebeu os líderes católicos e sabe da sua disponibilidade para ajudar.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, tem dirigido reiterados convites para o diálogo ao líder da Renamo, Afonso Dhlakama, mas também tem afirmado que os moçambicanos serão capazes de resolver os seus problemas sozinhos.
A Renamo, por seu lado, fala de uma crise de confiança com o Governo desde sucessivos incidentes envolvendo o seu líder e diz que só estará disponível para negociar após tomar o poder, a partir de Março, nas seis províncias onde reclama vitória eleitoral nas últimas eleições gerais.
Apesar de dois encontros entre o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e Dhlakama no início de 2015, a violência política voltou a Moçambique e agravou-se nas últimas semanas, com acusações mútuas de ataques armados, raptos e assassínios.
Emboscadas atribuídas à Renamo na província de Sofala levaram as autoridades a montar dispositivos de escoltas militares obrigatórias a viaturas civis em dois troços da N1, a principal estrada do país.
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