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“Crenças podem ter incitado a morte de quatro pessoas em Vanduzi”, diz académico Hamilton Matsinhe

Sem remorsos e com uma forte fé na superstição, Joãozinho José confessou, recentemente, ter assassinado o irmão, a cunhada e dois filhos do casal.
“Eu andava nos curandeiros, sempre a ouvir a mesma história de que ele (o irmão falecido) está a comprar moagens, carros e mais coisas graças ao sangue da sua mãe e do seu filho que morreu repentinamente. Foi quando ganhei coragem e disse, então vamos morrer juntos, e acendi o fogo”, justificou José, com o semblante visivelmente carregado de sentimento de vingança.
O autor do crime acusa o irmão de feitiçaria, recorrendo-se aos resultados que teve nas consultas com curandeiros.
À equipa do jornal “O País”, o investigador e docente de Antropologia da Universidade Eduardo Mondlane, Hamilton Matsinhe, diz que Joãozinho José pode mesmo ter sido movido por superstição. Condena o acto e explica que o meio social pode ter determinado o comportamento de José.
“Tem a ver com o meio onde fomos criados e educados. Se se justifica ou não que alguém tire vida de outra pessoa, há muitas dimensões para tratarmos disso. Humanamente falando, não é correto, independentemente das causas. Entretanto, temos um mundo da crença, daquilo que não se compadece com o ordenamento jurídico do dia”, explicou Matsimbe, acrescentando que a falta de uma autoridade local capaz de explicar a morte do filho de Joãozinho José pode tê-lo deixado sem alternativa.
“Quando estou num nível tradicional, de senso comum, das crenças, acreditando que alguém tirou a vida do meu ente querido, vou mover-me à busca de soluções. Se não consigo convocar instituições ligadas a este assunto, como a AMETRAMO, vou agir num estado de natureza, hei-de ignorar uma série de ordenamento, de estrutura e vou agir em função dos meus instintos”, exemplificou.
Já a Associação dos Médicos Tradicionais condena o curandeiro que acusou o irmão do assassino de feitiçaria. 
O crime ocorreu na madrugada da segunda-feira passada.

 

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