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MOÇAMBIQUE/INSEGURANÇA ALIMENTAR PODERÁ ATINGIR 1,8 MILHÕES DE PESSOAS

 O número de pessoas em situação de insegurança alimentar devido à seca severa, no sul e centro de Moçambique, é de cerca de 166 mil, podendo atingir 1,8 milhões de concidadãos se não houver nenhuma precipitação atmosférica ao longo do presente mês de Março.

O facto foi revelado esta Quarta-feira na Assembleia da República, o parlamento, pelo Primeiro-Ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, durante o primeiro dia da sessão de perguntas ao governo. 

Actualmente, o governo está a lidar com a seca através de fundos do Orçamento do Estado previstos no Plano de Contingência para a estação chuvosa 2015-2016. A este fundo adiciona – se o dinheiro arrecadado na campanha nacional de solidariedade lançado pelo executivo, para além do apoio proveniente de diferentes parceiros de cooperação internacional que trabalham, com o governo, na gestão do risco de desastres.


Porém, Agostinho do Rosário admitiu que, em caso de uma deterioração da situação para 'insegurança alimentar grave', o governo terá de 'decidir sobre o tipo de intervenção ou de alerta a serem adoptados'.


O Conselho Técnico de Gestão das Calamidades (CTGC) irá actualizar o impacto da seca até 11 de Março, segundo o primeiro-ministro. O facto poderá ditar o lançamento ou não de um apelo internacional para a disponibilização de recursos adicionais.


Agostinho do Rosário disse que até agora mais de 584 mil hectares de plantações são dados como perdidos. O impacto sobre a pecuária também é considerado grave, com a morte de 4.584 cabeças de gado.


Esta seca é causada pelo fenómeno climático El Nino que provoca o aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico, afectando a circulação dos ventos e dos próprios padrões climáticos globais. Agostinho do Rosário observou que o presente fenómeno é o mais intenso num período de meio século.


Ele salientou que a seca é de âmbito regional, sendo que sete das nove províncias da vizinha África do Sul estão também afectadas. Este país perdeu cerca de 90 por cento da sua produção de milho. 

Na Suazilândia, um total de 360 mil pessoas deverá enfrentar a insegurança alimentar até Abril. Neste reino já foram impostas restrições ao acesso à água. 

No Zimbabwe, a terra cultivada caiu na ordem de 40 por cento em comparação com o ano passado.


'A acumulação de condições adversas aumenta a vulnerabilidade de toda a região da África Austral, devido ao esgotamento das reservas alimentares, aumento dos preços dos alimentos e agravamento substancial da insegurança alimentar', disse Agostinho do Rosário.


Enquanto isso, o norte de Moçambique enfrenta um problema totalmente oposto. 

Naquela região houve fortes chuvas e inundações localizadas. Agostinho do Rosário disse não ter havido nenhuma morte relacionada directamente com estas inundações. Ele diz que o facto resulta das acções preventivas, persuasão das pessoas para se manterem afastadas das áreas propensas a inundações, bem como a reactivação dos comités locais de gestão do risco de desastres.


As chuvas cortaram algumas estradas da província de Cabo Delgado e Niassa, mas na maioria dos casos o tráfego foi restaurado, garantiu o Primeiro-Ministro.


Quanto a cólera, Agostinho do Rosário disse que, desde Agosto de 2015, o número acumulado de casos diagnosticados foi de 1.920, que resultaram em dez mortes. A taxa de letalidade foi de 0,5 por cento.

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