Jorge Khalau diz que controlou a criminalidade no país
Enfatizando que durante os pouco mais de sete anos de mandato empenhou-se "cada vez mais em contrariar o comportamento dos criminosos", Jorge Khalau reconheceu que a criminalidade continuará a ser um desafio para o seu sucessor.
Sobre o risco de o novo comandante-geral da PRM vir a ser isolado pelos oficiais da corporação pelo facto de ser oriundo do exército, Jorge Khalau defendeu que não faltará apoio a Júlio dos Santos Jane.
Por sua vez, o novo comandante-geral da PRM apontou a manutenção da ordem pública e tranquilidade como prioridade, referindo-se ao combate ao crime organizado como um dos eixos da acção da polícia.
"O grande desafio que nós temos é a manutenção da ordem e tranquilidade pública, o combate à criminalidade organizada, sob todas as suas formas de manifestação, as forças policiais vão continuar a defender os moçambicanos e seus os bens", referiu Júlio dos Santos Jane.
A exoneração de Jorge Khalau, na quarta-feira, surge poucos dias depois de o Presidente da República, Filipe Nyusi, ter defendido a necessidade de elevar a capacidade das forças de defesa e segurança.
"Só homens devidamente formados, especializados e munidos de valores patrióticos, éticos e deontológicos e profissionais é que podem dar o melhor de si em prol de um futuro melhor para todos", declarou o Presidente da República numa cerimónia de graduação da Academia de Ciências Policiais (Acipol).
Na terça-feira, na abertura do ano judicial, Filipe Nyusi voltou a referir-se à polícia ao defender a urgência na reestruturação da Polícia de Investigação Criminal (PIC), que se encontra sob a tutela da PRM.
"O Governo, o sector da justiça e a Assembleia da República devem juntar-se na busca de uma solução para a PIC. A lei passa por todos esses, daí que devem acelerar o processo", declarou o chefe de Estado, que, no mesmo dia, reconheceu haver indícios da presença de redes de crime organizado e transaccional em Moçambique.
Figura controversa, Jorge Khalau foi especialmente criticada em 2012 num caso em que a polícia se recusou a libertar agentes envolvidos num processo de apreensão de armas por ordem do tribunal.
Na ocasião, comentou que a polícia não obedece aos juízes e tem o seu regulamento interno, gerando a indignação entre os partidos de oposição e organizações de defesa dos direitos humanos.
Apesar de Khalau ter defendido recentemente a "purificação de fileiras", a polícia moçambicana tem tido nota negativa em relatórios de organizações internacionais por violações aos direitos humanos, incluindo execuções sumárias, detenções arbitrárias, tortura e uso excessivo da força.
As ondas de raptos que atingiram Maputo desde 2011, com envolvimento de agentes policiais e crimes mediáticos ainda por solucionar, como o homicídio em 2015 do constitucionalista franco-moçambicano Gilles Cistac, também contribuíram para a deterioração da imagem da polícia, além da corrupção, envolvendo coação frequente sobre automobilistas e relatos de aluguer de armas para a prática de crimes.
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