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Farinha contaminada fez 75 mortos em Moçambique

A morte de 75 pessoas em Janeiro na província de Tete, centro de Moçambique, após consumirem uma bebida tradicional, foi provocada pela utilização de farinha de milho contaminada com uma bactéria, revelou o Ministério da Saúde. Um laboratório norte-americano identificou a presença da bactéria "Burkholderia gladioli", um micro-organismo responsável pela produção de duas potentes toxinas na farinha de milho usada na confecção da bebida, chamada pombe, cujo consumo provocou 75 mortes e afectou 232 pessoas em Chitima, distrito de Cahora Bassa, na província de Tete. O resultado da investigação conduzida pelas autoridades moçambicanas, anunciada esta quarta-feira pelo Ministério da Saúde, concluiu que a farinha de milho ficou deteriorada na casa onde estava armazenada, após chuvas que alagaram o local. "Embora tenha sido considerada imprópria para consumo direito, a farinha foi julgada adequada para a produção de pombe", adianta o relatório, indicando que a bactéria detectada neste ingrediente produziu uma "quantidade significativa" das toxinas (ácido bongrequico e toxoflavina). Estas duas toxinas já constavam na literatura científica, que relatam casos de adoecimento súbito, comparáveis com o caso de Chitima, ocorridos na China e na Indonésia e também resultantes do consumo de alimentos fermentados. "A ocorrência destas intoxicações é um evento relativamente raro", observa, porém, o Ministério da Saúde, destacando que, no processo de confecção de pombe, que dura vários dias, vão sendo adicionadas doses de farinha na bebida numa fase em que esta já não é fervida. O caso de Chitima ocorreu na noite de 9 de Janeiro, quando dezenas de pessoas consumiram a bebida tradicional ao regressarem de um funeral.

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