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Deslocados de Sofala ainda com receio de regressar

Os deslocados das zonas de confrontos na província de Sofala, centro de Moçambique, continuam receosos de regressar a casa, uma semana após uma pausa no desarmamento compulsivo da Renamo, considerando que a “medida ainda não devolveu a segurança”. “A segurança ainda não foi restabelecida. Somos obrigados a ir às machambas [hortas] durante o dia, com recolher obrigatório no fim da tarde, o mesmo cenário que vivemos na guerra [civil] dos 16 anos” declarou à Lusa por telefone, Mateus Pedro, um habitante de Vunduzi deslocado na vila da Gorongosa. Centenas de famílias fugiram dos confrontos entre as forças de defesa e segurança e a guarda da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), em Sadjundjira (Vunduzi), no sopé da serra da Gorongosa, uma zona que estava a receber um retorno tímido dos primeiros deslocados da crise política e militar entre Governo e Renamo entre 2013 e Setembro de 2014. Os recentes confrontos entre as forças especiais da polícia moçambicana e a guarda da (Renamo), durante as operações de desarmamento compulsivo do maior partido da oposição, provocaram uma nova vaga de deslocados em finais de Outubro nos distritos da Gorongosa e Inhaminga, Sofala. Outras dezenas de famílias deixaram casas em Cheringoma, sede distrital de Inhaminga, quando forças estatais pretendiam desactivar uma base militar da Renamo. “O que parou são tiroteios. Os militares [unidades da polícia antimotim e o Grupo Operativo Especial que dirigiam as operações] continuam a andar armados em patrulhas e avisam que quem for para fazer machamba deve voltar à noite para a vila”, contou à Lusa Adamo Maiosa, outro habitante de Vunduzi e que também se encontra deslocado na vila da Gorongosa, sobrevivendo de trabalhos domésticos em quintais em troca de comida. No ano passado os deslocados na Gorongosa da primeira vaga de violência política confrontaram-se com uma fome severa, alimentando-se apenas de mangas verdes e tubérculos silvestres, depois de terem abandonado as suas culturas devido à guerra. Este ano, pelo contrário, os deslocados têm possibilidade de trabalhar a terra, mas precisam percorrer 60 quilómetros todos os dias, ida e volta, entre a vila da Gorongosa e Vunduzi, para assistir a sementeira nas machambas. Adelino Fernandes, padre da congregação do Sagrado Coração de Inhaminga, descreveu à Lusa que a vila onde vive “ainda está deserta”, desde a fuga da população em Outubro e que prefere ficar nas matas e noutras zonas, apesar de não se verificarem operações militares desde então. Em Muxúnguè, uma zona largamente afectada pela crise político-militar entre 2013 e 2014, mantêm-se posições militares em Save e rio Ripembe, contudo sem “novas movimentações notáveis”, disse à Lusa o pároco local, José Luís A Polícia iniciou a operação de recolha de armas da Renamo no dia 09 de Outubro, quando forças especiais cercaram e invadiram a casa do líder principal partido da oposição, Afonso Dhlakama, na Beira, além de desarmarem e prenderem por algumas horas sete elementos da sua guarda. O cerco só terminou quando Afonso Dhlakama entregou 16 armas da sua guarda pessoal ao grupo de mediadores do diálogo entre a Renamo e o Governo. Desde então o líder da oposição não é visto em público. Na semana passada, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi defendeu ponderação no desarmamento compulsivo da Renamo, como forma de dar espaço ao diálogo, alguns dias após o ministro do Interior, Basílio Monteiro, ter afirmado que as forças de defesa e segurança iriam tirar as armas de “mãos ilegítimas”. Moçambique vive uma situação de incerteza devido à recusa da Renamo de aceitar os resultados das eleições gerais de Outubro de 2014 e às suas ameaças de governar a força nas províncias onde reivindica a vitória no escrutínio, caso a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido no poder, mantenha a rejeição da exigência da principal força da oposição de criação de províncias autónomas. Fonte: http://noticias.mmo.co.mz/2015/11/deslocados-de-sofala-ainda-com-receio-de-regressar.html#ixzz3tTcFLJTU

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