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Crise financeira aperta negociantes moçambicanos em Joanesburgo

Com uma elevada densidade populacional proveniente de vários cantos do continente, Joanesburgo foi por muito tempo o el dourado para muitos moçambicanos. Naquela cidade sul-africana concretizavam-se sonhos que retiravam famílias da miséria. Mas agora as coisas mudaram. A crise financeira que afecta o mundo atinge, igualmente, vários moçambicanos que em tempos viram na cidade uma oportunidade de negócio.
Um dos afectados pela crise é Aniceto Munguambe, natural de Inhambane e que vive em Joanesburgo desde 1992. É vendedor de calçados e cintos, e, para si, desde que os preços dos alimentos e a renda de casa começaram a subir, a vida já não é a mesma na África do Sul. Munguambe conta que na década de 90 as coisas eram diferentes porque havia dinheiro a circular naquele país e com negócio era bem possível sobreviver. “Mas agora, mesmo que o rand valha ainda mais que o metical, as coisas aqui não nos andam bem”. E Munguambe acrescenta. “Para falar a verdade, a vida aqui está mais dura do que em casa, porque quando lá vamos visitar notamos que os nossos conterrâneos conseguiram organizar-se melhor que nós”.
Quem comunga a mesma ideia que Munguambe é Amélia Teresa e Maita Tivane, que vivem naquela cidade desde 1999 e 2005, respectivamente, e que ganham a vida trançando cabelos. Em tempos, já tiveram várias clientes congolesas, nigerianas e sul-africanas. No entanto, a maior parte delas desapareceu também porque aumentou na cidade o número de pessoas que trança.
Olhando para trás, Maita Tivane lembra-se que muitas delas conseguiram construir graças ao negócio das tranças, o que não julga ser possível Actualmente.
Questionados sobre a razão de permanecerem em Joanesburgo em vez regressarem a Moçambique, a explicação quase sempre foi unânime: o receio de não encontrar o que fazer no país e o pavor de não conseguirem uma integração social. Não obstante, o que mais inquieta a muitos moçambicanos naquela cidade é outra coisa. E Maita Tivane explica: “Os sul-africanos não nos respeitam por sermos estrangeiros. Aqui a xenofobia reflectida por palavras ainda é forte. Casos há em que, ao reconhecer-nos nos transportes públicos ou nas avenidas chamam-nos de carapau de Moçambique. E nós não podemos fazer nada porque estamos no país deles”, disse Tivane, indignada.

Num dos lados de Joanesburgo encontra-se um dos subúrbios com mais moçambicanos: Alexander, no qual vive Carlos Mbiza desde 1990. Em condições muito humildes, Mbiza resiste às dificuldades da vida, aguardando por uma oportunidade para regressar a terra natal. Não sabe quando isso vai acontecer, mas em cada alvorada levanta-se e poe-se a vender batata, fruta e legumes com a mesma determinação com que chegou a Joanesburgo há 26 anos.

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