Renamo acusa Governo de pretender excluir mediadores do processo de paz
"Este plano oculto pretende perpetuar a guerra no país, razão pela qual não querem ver mediadores no país, por que razão o Governo pretende afastar os mediadores internacionais", questionou António Muchanga, deputado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), falando durante uma sessão de perguntas e respostas com o executivo, na Assembleia da República.
Muchanga aludia à proposta da delegação do Governo nas negociações de paz de criação de um grupo de trabalho sobre descentralização, sem a presença dos mediadores internacionais, assinalando que a ideia faz parte dos planos do executivo de prolongar o conflito armado no país.
"Se o Governo está comprometido com a paz, o que leva ao alastramento de acções militares em todo o país? O que o povo está a assistir é contrário ao calar das armas, o que se assiste é o desdobramento das Forças de Defesa e Segurança em todo o território", declarou o deputado da Renamo e também porta-voz do partido de oposição.
Ao pretender que os mediadores internacionais não tenham assento no grupo de trabalho, continuou António Muchanga, o executivo moçambicano demonstra ter um plano estranho à paz.
Falando no parlamento, o Primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, afirmou que o grupo de trabalho sobre descentralização visa agilizar e conferir maior abrangência e rigor ao processo de descentralização.
"Este grupo tem a missão de preparar o documento contendo a filosofia e os procedimentos gerais que servirão de base para a elaboração do pacote legislativo sobre a descentralização a ser submetido a esta magna casa do povo em tempo útil", declarou Carlos Agostinho do Rosário.
A Comissão Mista do Diálogo para a Paz em Moçambique, que inclui Governo, Renamo e mediadores internacionais, anunciou na semana passada a criação de um grupo de trabalho que vai elaborar uma proposta de descentralização do país, num esforço visando o alcance da paz no país.
A Renamo exige governar nas seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, de fraude no escrutínio.
O centro e Norte do país têm sido assolados por confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e o braço armado da Renamo, movimento acusado pelo Governo de atacar alvos civis nas duas regiões.
Sem comentários: