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Avós voltam a desempenhar função de mãe para cuidar de netos órfãos

Com o aumento dos casos de HIV/Sida e acidentes de viação em todo o mundo, muitos pais estão a morrer, deixando números crescentes de crianças órfãs e vulneráveis aos cuidados dos seus avôs e outros familiares idosos: um dia cuidaram dos filhos e, hoje, cuidam dos netos.
Tal é o caso de Stela Malauene, 70 anos, que tem pela frente a responsabilidade de cuidar dos seus netos. Fixou residência no bairro Massaca 2, distrito de Boane, aquando da guerra civil que terminou em 1992.
Mora numa palhota construída há mais de 16 anos, com os seus seis netos órfãos de pai e sua filha. Um dos netos é Henriques, de apenas 14 anos de idade. Actualmente, não estuda, devido à falta de condições financeiras. “Tive que parar de ir à escola, porque nem a minha mãe, muito menos a minha avó, tem dinheiro para pagar as propinas”, disse, com semblante carregado de tristeza.
A sua progenitora, que se tornou mãe aos 12 anos de idade, também está na responsabilidade da avó. Hoje, com 31 anos de idade, não trabalha e diz que não teve a oportunidade de frequentar a escola. Segundo ela, a perda do marido, no ano de 2009, agravou a situação de dependência daquela família.
A septuagenária não beneficia de nenhum subsídio de acção social. Sem meios de sobrevivência, a família de oito membros vive na incerteza do que há-de comer a cada novo dia. “É comum dormirmos sem termos tido nenhuma refeição durante o dia todo. Às vezes, os vizinhos e pessoas de boa-fé têm prestado apoio”, desabafou.
É uma mulher que luta contra enormes adversidades no seu quotidiano. “Quando a chuva cai, somos obrigados a ficar de pé, para evitar que o pior aconteça”, conta.
Quem também não esconde a dor e a tristeza que carrega dentro de si é a vovó Palmira Sengo, natural de Gaza, que há quase 20 anos carrega a responsabilidade de cuidar dos seus 12 netos. A idosa é mãe de 11 filhos, seis dos quais perderam a vida, três sofrem de problemas mentais e três fixaram residência na vizinha África do Sul.
Apesar de ser beneficiária do apoio do Instituto Nacional de Segurança Social (INAS), no distrito de Boane, o mesmo revela-se irrisório, uma vez que o acesso se torna muito mais caro que o valor a receber.
A idosa recebe, no fim de cada mês, 610 meticais. Com o valor, não consegue mais do que um litro de óleo, que custa entre 80 e 90 meticais, um quilograma de açúcar, ao preço de 45 meticais, e quatro quilogramas de arroz, a 112 meticais. “Sobrevivo com base no trabalho que faço em pequenos campos de cultivo, uma actividade que não tem sido fácil realizar, devido à minha idade”, disse Palmira.
Segundo apurámos, os valores do apoio variam entre 310 e 610 meticais, dependendo do número do agregado familiar. Este ano, não houve nenhum registo de aumento do subsídio aos idosos.
Segundo o censo de 2007, de um milhão de idosos existentes no país, somente 17% são abrangidos por este subsídio social.

Moçambique é o segundo pior país do mundo para os cidadãos com mais de 60 anos de idade viverem e envelhecerem, num total de 96 países avaliados pela Help Age International, ano passado. Espera-se que o número de órfãos cresça mais 40 milhões, nos próximos 10 anos em todo o mundo.

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