Credores recusam-se a renegociar dívidas antes a auditoria e pacote de ajuda do FMI
Os investidores que detêm a maioria dos eurobonds de Moçambique dizem que a forma como o país está a realizar os esforços para reestruturar cerca de dois mil milhões de dólares em dívida é errada, ao fazê-lo antes da auditoria internacional às dívidas não declaradas. A informação é veiculada num artigo da agência financeira norte-americana Bloomberg, edição desta segunda-feira.
O artigo avança que Moçambique quer um acordo com os credores antes de concluir a auditoria internacional (já prestes a avançar) de cerca de 1,4 bilhões de dólares de empréstimos que foram descobertos em Abril e negocia um pacote de ajuda com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Os detentores de títulos querem que esses elementos estejam em vigor antes das negociações, mas o ministério das Finanças disse na segunda-feira que a auditoria não "alteraria o montante da dívida que precisa ser tratada" e que os atrasos dificultariam a situação.
"Nunca vi um país a tentar uma reestruturação colocando a ‘carroça à frente dos bois’ desta forma”. Estas palavras são atribuídas pela Bloomberg a Charles Blitzer, consultor de Washington. "É bastante incomum - se não sem precedentes - pedir negociações de alívio da dívida antes que informações completas sejam fornecidas e os contornos do programa do FMI estejam disponíveis para os credores", acrescentou Blitzer.
A Bloomberg lembra ainda que Moçambique disse aos credores que não pode pagar a dívida externa, que prevê atingir 130% do Produto Interno Bruto (PIB – valor de todos os bens e serviços produzidos em Moçambique) até o final do ano (depois de 40% do PIB), porque precisa de reorganizar os empréstimos.
Ainda segundo a Bloomberg, Moçambique propôs chegar a um acordo em princípio com os credores em Dezembro e implementar um plano de resolução da dívida antes de Janeiro, quando um é divida uma tranche de 60 milhões de dólares de Eurobonds.
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